sábado, 25 de dezembro de 2010

CRÔNICA DO NATAL
Publicado por Marcio-geec em 25/7/2006 (4806 leituras)
Irmão X (espírito)

Desde a ascensão de Herodes, o Grande, que se fizera rei com o apoio dos romanos, não se falava na Palestina senão no Salvador que viria, enfim...

Mais forte que Moisés, mais sábio que Salomão, mais suave que David, chegaria em suntuoso carro de triunfo para estender sobre a Terra as leis do Povo Escolhido.

Por isso, judeus prestigiosos, descendentes das doze tribos, preparavam-lhe oferendas em várias nações do mundo.

Velhas profecias eram lidas e comentadas, na Fenícia e na Síria, na Etiópia e no Egito.

Dos confins do Mar Morto às terras de Abilena, tumultuavam notícias da suspirada reforma...

E mãos hábeis preparavam com devotamento e carinho o advento do Redentor.

Castiçais de ouro e prata eram burilados em Cesaréia, tapetes primorosos eram tecidos em Damasco, vasos finos eram importados de Roma, perfumes raros eram trazidos de remotos rincões da Pérsia... Negociantes habituados à cobiça cediam verdadeiras fortunas ao Templo de Jerusalém, após ouvirem as predições dos sacerdotes, e filhos tostados do deserto vinham de longe trazer ao santuário da raça a contribuição espontânea com que desejavam formar nas homenagens ao Celeste Renovador.

Tudo era febre de expectação e ansiedade.

Palácios eram reconstruídos, pomares e vinhas surgiam cuidadosamente podados, touros e carneiros, cabras e pombos eram tratados com esmero para o regozijo esperado.

Entretanto, o Emissário Divino desce ao mundo na sombra espessa da noite.

Das torres e dos montes, hebreus inteligentes recolhem a grata notícia... Uma estrela rutila no firmamento.

O enviado, porém, elege pequena manjedoura para seu berço de luz.

E porque as vozes do Céu se fazem ouvir, cristalinas e jubilosas, cantam eles também...

- " Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens !... "

Ali, na estrebaria singela, estão Ele e o povo...

E o povo com Ele inicia uma nova era...

É por isso que o Natal é a festa da bondade vitoriosa.

Lembrando o rei Divino que desceu da Glória à Manjedoura, reparte com teu irmão tua alegria e tua esperança, teu pão e tua veste.

Recorda que Ele, em sua divina magnificência, elegeu por primeiros amigos e benfeitores aqueles que do mundo nada possuíam para dar, além da pobreza ignorada e singela.

Não importa sejas, por enquanto, terno e generoso para com o próximo somente um dia.

Pouco a pouco, aprenderás que o espírito do Natal deve reinar conosco em todas as horas de nossa vida.

Então, serás o irmão abnegado e fiel de todos, porque, em cada manhã, ouvirás um voz do Céu a sussurrar-te sutil:

Jesus nasceu ! Jesus Nasceu !...

E o Mestre do Amor terá realmente nascido em teu coração para viver contigo eternamente.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


Orixás   ( Primeira parte )
DEFINIÇÃO DE ORIXÁ Ori = Coroa; Xá = Luz. 
A palavra Orixá quer dizer “Coroa Iluminada”, “Espírito de Luz”. O princípio mais evoluído existente em nosso sistema, manifestado através das forças da natureza.
Na Umbanda não nos apegamos às Lendas que explicam os Orixás, porque a Umbanda não se fundamenta em lendas e sim em observação do funcionamento das forças da natureza.
 Para que possamos entender o Orixá em sua absoluta essência, é necessária uma enorme capacidade de abstração. O que diversos autores têm tentado valentemente explicar é algo absolutamente intangível ao nosso nível de consciência.
Orixá não é divindade, pois na Umbanda cremos num único Deus. A Umbanda não é politeísta, portanto o que passaremos a descrever não é uma teogonia. Orixá é potência de luz emanada de Deus, O Criador.
Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós.
Entretanto, tendo em mente isso, podemos tentar entender juntos o caminho inverso, ou seja, da terra para o Alto, até porque para entendermos o que ocorre acima disso, precisaríamos entrar em esferas elevadíssimas que fogem ao nosso entendimento, pois ninguém tem alcance para isso. Tudo que falam são conjecturas,  algumas até louváveis tentativas, mas nada absoluto. A verdade de cada um deve ser respeitada, assim como a compreensão. Avançar a esferas superiores nos será naturalmente permitido quando tivermos evolução para tal.
Na realidade o que a Umbanda fez foi "organizar" as manifestações divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. Todas as "complicações" provenientes do aprendizado na Umbanda são por nossa exclusiva culpa e ignorância, basta que conversemos com qualquer Preto Velho, para termos  certeza disto.
Pensemos a princípio nos Sete Orixás Básicos que se manifestam em nível de terreiro, ou seja, de incorporação: Oxossi, Ogum, Xangô, Omulu, Oxum, Iemanjá, Iansã. ( 1 ) Por  Iassan Ayporê Pery - Dirigente do CECP - (Parte integrante do Livro "Umbanda - Mitos e Realidade" no prelo)
*** E outros cultuados em outras Casas, pois cada Casa tem sua forma, particularidade e definição das Sete Linhas.  Observem que não fôra citado Exu e o Sr. Exu é um Orixá, sendo manifestado por seus enviados, Guardiões de trabalho, não é mesmo? Não está citado acima Orixá Oxalá;   por ser o Maior Orixá estará acima das Sete Linhas?, ou por  não ter enviados?, mas isso é uma especulação, uma abertura de reflexão deste que comenta. Como sempre digo, cada Casa, cada segmento da Umbanda, toca seus trabalhos de sua maneira, desde que semeando  Amor ,  Caridade, Humildade, Tolerância, promovendo a Reforma Íntima nos participantes e não ostentando que conheça tudo do Alto, pois como disse o Cacique Pena Branca... O mais sábio nada sabe ! (Comentário de Isaias Pintto Hernanndes)***
A manifestação de cada um, em nível de terreiro, dá-se através de espíritos enviados de cada uma destas forças. Importante ressaltar que na Umbanda não incorporamos o Orixá, mas sim os seus enviados ou representantes, que são espíritos que já encarnaram e que têm cada um o seu próprio karma, história, característica missionária, evolutiva, de personalidade etc.
Temos a tendência de acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é exatamente esse "muito mais do que isso" que não conseguimos explicar em palavras, mas grosseiramente falando é o amor de Deus espalhado e ao mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra, que objetivam, ao chegarem aqui, traduzidos pelos diversos sub-planos que passaram, a nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.
Quando pensamos na composição de uma árvore, por exemplo, e nos infiltramos nela, entramos no seu universo e podemos observar neste universo "árvore" que todos os 7 Orixás estão se manifestando, conjugadamente ou em paralelo, mas sempre harmoniosamente.
Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se harmonizam frente às nossas necessidades, por Graça do Criador.
Para uma melhor compreensão nesta que está parecendo uma viagem ao mundo dos Orixás, vamos primeiro falar sobre as funções e especialidades de cada um no nível da Terra.
O Orixá Oxossi corresponde à nossa necessidade de saúde, nutrição, expansão, energia vital, equilíbrio fisiológico.
O Orixá Ogum corresponde à nossa necessidade de energia, defesa, prontidão para ação, determinação, tenacidade.
O Orixá Xangô corresponde à nossa necessidade de discernimento, justiça, estudo, raciocínio concreto e metódico.
O Orixá Omulu corresponde à nossa necessidade de compreensão de karma, de regeneração, de evolução, transformações e transmutações kármicas.
A Orixá Oxum corresponde à nossa necessidade de equilíbrio emocional, concórdia, amor, complacência e reprodução.
A Orixá Iemanjá corresponde à nossa necessidade familiar, estrutural de amor fraternal e filial e bens materiais.
A Orixá Iansã corresponde à nossa necessidade de mudança, deslocamentos, transformações materiais, avanços tecnológicos e intelectivos.

* Observe que não foi citado Oxalá, mas Oxalá é o Grande Orixá . Pos isso nós na Casa de Pai Serafim do Congo - Cacique Pena Branca e Ogum de Ronda, sob suas orientações cultuamos : Oxalá e Oiá Tempo Logunam, Ogum e Iansã, Oxóssi e Obá, Xangô e Egunitá, Oxum e Oxumaré, Iemanjá - Omulú , Obaluayê - Nanã Buruquê,  Ibeji , Exu, Pombagira.  A linha de Pretos Velhos se apresenta na vibração de Obaluayê e de seus Orixás distintos. Somos abençoados ainda com a presença do Povo Cigano , Marujos, Baianos, Malandros e Elementais : Sereias e Ondinas e Exus Mirins. " Respeitamos e saudamos em todos trabalhos Ossaim e Logum Edé (junto com a Saudação a Oxossi, já que este Orixá é uma variação de Oxóssi e Oxum - *** Leia: 2º Oxossi: é o Oxossi do amor ou o Oxossi mineral, também denominado Oxossi do conhecimento genético. Ele surge a partir do 2º pólo magnético, que é formado no cruzamento com a corrente eletromagnética mineral, regida pelo Orixá Oxum (orixá da concepção e do amor) com a 3º irradiação vertical, regida por Oxossi. ***Pelo Estudioso, Escritor, Babalorixá, Irmão e Amigo Rubens Saraceni ) "  Isaias Pintto Hernanndes - Médium Dirigente e Estudioso Umbanda Sagrada.
Tudo isso estando equilibrado nos tornamos pessoas melhores, facilitando a nossa passagem na Terra, por isso falei em benção de Deus, e também em manifestações básicas, harmônicas dos Orixás, apesar de algumas manifestações serem antagônicas, mas no fundo complementares.

CONTINUA....
Escrito por Isaias Pintto/Médium Dirigente às 02h19
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Orixás ( Segunda parte ) - Continua

Orixás  ( Segunda parte - Continuação )
 



Os 7 Orixás básicos ao se combinarem formam outros Orixás os quais chamamos de desdobramentos do Orixá ou Orixás que foram combinados, mas mesmo assim ainda não são estes que se manifestam em nível de terreiro, mas sim os seus enviados (que falaremos mais tarde)
O único Orixá na Umbanda que não tem desdobramentos é a Orixá Iansã, pois as suas combinações são tão rápidas que não criam reinos, mas apenas manifestações rápidas desta conjugação, não chegando a formar ou fixar-se durante muito tempo a ponto de formar um novo Orixá. Além do mais, outro motivo para isto e o próprio elemento por Ela representado: o Ar. O Ar não se desdobra, não se fixa, mas mistura-se aos demais, entretanto sem mudar a sua essência. O Ar em movimento é o vento que causa mudanças rápidas e essas mudanças são a própria Orixá.
Quando os Orixás se combinam, se unem e se conjugam temos os diferentes desdobramentos que são manifestados através do encontro de um reino com outro, ou manifestações de força da natureza, que em terreiro também recebem nomes diferentes.
Divindade Suprema Colegiado Supremo

1
Orixás Virginais - Formam o Colegiado ou Coroa Divina

2
Orixás Causais - Senhores do Carma Causal

3
Orixás Refletores - Senhores da Luz Espiritual coordenadora de massa

4
Orixás Originais - Senhores Reguladores do Carma constituído

5
Orixás Supervisores - Senhores de todo o Sistema Galáctico

6
Orixás Intermediários - Senhores de todo o Sistema Solar

7
Orixás Ancestrais - Senhores de todo o Sistema Planetário

Todos os Orixás Ancestrais são subordinados à Cristo Jesus que é o tutor máximo da Terra.
Os Orixás Ancestrais são os que conhecemos na umbanda.
Entre os espíritos que atuam dentro da vibração energética do nosso Eledá, é escolhido um para nos acompanhar mais de perto, seja pela afinidade com o ser encarnado ou pelo simples desejo de acompanhar esse espírito na sua caminhada encarnatória. No caso de médiuns, normalmente este espírito é aquele que incorpora quando invocada a vibração do Orixá principal.
Os Orixás, dentro do culto Umbandista não são incorporantes. O que se vê dentro dos vários terreiros, centros, tendas etc, são os falangeiros dos Orixás, espíritos de grande luz que vem trabalhar sob as Ordens de um Orixá. Os Falangeiros incorporam em seus "cavalos" e mostram sua presença e sua força em nome de um Orixá.


CONTINUA....
Escrito por Isaias Pintto/Médium Dirigente às 02h18
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Orixás ( Última parte )


Orixás ( Última parte - Continuação )
 



Orixá Ancestral
Localização do ponto de força de recepção energética: Alto da cabeça.Coroa.
Irradia para o nosso caminho espiritual, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa evolução espiritual, ou mesmo absorvendo os excessos.

Orixá de frente
Localização do ponto de força de recepção energética: Entre as sobrancelhas, meio da testa (3º olho).
Irradia para o nosso caminho material, nos doando qualidades atributos e atribuições necessárias a nossa vida física presente, ou mesmo absorvendo os excessos.

Orixá junto
Localização do ponto de força de recepção energética: Em toda a extensão da nuca.
Irradia, auxilia-nos com suas qualidades atributos e atribuições, o aprendizado das verdades divinas, adquiridos em vivenciações passadas, bem como ao equilíbrio dos erros cometidos, a fim de nos reequilibrarmos no presente para a nossa evolução.
Obs: A palavra juntó é um designativo regional e foi adjudicada do termo adjunto, que quer dizer: algo em aporte; auxílio; junto; do lado.

Orixá da direita
Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acimada orelha direita .
É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições, a nossa direita, ou seja, o nosso consciente, o nosso pólo positivo e as virtudes humanas (absorvendo os excessos ou irradiando a falta).
O lado direito do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso emocional, refletindo o nosso "Eu positivo", ou seja, o da justiça, do bom combate, do bom caminho, da vereda certa e da vida verdadeira. É o lado que reflete as nossas "virtudes". É o lado da Espiritualidade Maior; o lado da realidade.
O lado direito é o lado da Espiritualidade. É dos que vivem com Deus, cumprindo-lhe as Leis.

Orixá da esquerda
Localização do ponto de força de recepção energética: Na região acima da orelha esquerda.
É aquele que irradia com suas qualidades, atributos e atribuições a nossa esquerda, ou seja, o nosso inconsciente, o nosso pólo negativo, os defeitos humanos (absorvendo os excessos ou mantendo o equilíbrio).
O lado esquerdo do nosso cérebro físico e do cérebro espiritual comanda o nosso racional, refletindo o nosso "Eu negativo", ou seja, o das injustiças, da inércia, do mau caminho, das incertezas e da vida ilusória. É o lado que reflete os nossos "defeitos"; o lado das ilusões.
O lado esquerdo é o lado das ilusões. É o dos que estão apenas vivendo para o mundo e desejando o muito sem Deus.
Com tudo isso não estamos querendo dizer que existem Orixá que comandam as nossas virtudes ou os nossos defeitos, mas sim, que Eles estão a postos, a fim de nos auxiliar absorvendo os excessos ou irradiando a falta daquilo que nos é importante em nossa escalada evolutiva..
A cada encarnação, de acordo com as nossas necessidades, os Orixás de coroa, frente, junto, de direita e de esquerda são trocados, estimulando, paralisando, renovando, direcionando, etc., aquilo que esta nos faltando ou que esta em excesso em nossas vidas. Basta sabermos, com certeza, os Orixás que regem a nossa coroa, frente, juntó, de direita e de esquerda e seremos sabedores das nossas virtudes, falhas e excessos, a fim de efetuarmos com êxito a nossa Reforma Íntima.
Se conhecermos as regências da pessoa é possível fazer uma previsão de como será o temperamento desta pessoa e a maneira como ele encara a vida e seus relacionamentos, através dos Orixás que o regem.
Referências
“Saiba, ó filho meu...
Que existiu uma época muito distante, em que o calendário não registrou nos anais da história da terra, um povo entre as diversas raças humanas que passaram, como estrelas espalhadas no firmamento, sábio e culto, filosófico e sonhador...
Sonhavam em retornar ao seu lar sidério, situado entre as estrelas da constelação do Cocheiro...
e por isso, os mais dotados espiritualmente, insistiam em olhar o céu e suspiravam de saudade...
A lua com seu raio argênteo, espraiava-se sobre as encostas setentrionais daquela região onde hoje se encontra Madagascar, há muitos e milhares de anos...
O homem sagrado bordejava a orla do mar, e em seu caminhar contemplava a imensidão dos astros notívagos e suspirava com seu olhar marejado, as constelações como se quisesse ler no misterioso livro do céu o futuro de seu povo...
Alto e esguio, de compleição delicada, olhos brilhantes e profundos, Nalmyskar, o sacerdote do templo de Obhaluayê perscrutava as conjunções do céu para compreender os vaticínios que chegaram através de seus sonhos, com relação aos acontecimentos prestes á desabar sobre seu país...
Com seu cajado na mão direita, permanecia de pé ao som do mar e á luz dos espaços infinitos, e assim permaneceu por longas horas, em contemplação silenciosa...
Revia o sonho e cada parte triste...o povo inteiro seria colocado á prova por desprezar a grande lei de zambi! E agora os Araxás através de seus sonhos anunciavam a grande tragédia que se abateria sobre todos como remissão dos pecados...
A sabedoria milenar há muito fora deturpada por sacerdotes corrompidos, que se deixaram levar pelos ouropéis e vaidades humanas, patrocinando verdadeiras orgias, descambando para a magia negra...
Triste sina de um povo que já foi a aurora de uma civilização grandiosa!
Muitos serão banidos, degredados, irão para longe de seus lares, como escravos de uma raça que não tardaria em surgir no horizonte, em busca de conquista e ouro.
Famílias inteiras separadas, genocídio, depravação e miséria seria o castigo deste povo orgulhoso e vingativo que ousou contrariar as leis sagradas dos Araxás...a sagrada lei de zambi!
Os grandes e brilhantes olhos do sacerdote derramavam copiosas lágrimas, vertidas de seu coração sincero, pois guardava as leis sagradas e vivia de acordo com os mais altos ensinamentos de sua escola de iniciação. Sabia que voltaria para seu lar sidério, para a sua amada estrela situada na constelação do Cocheiro, mas e o seu povo? Voltaria á vê-los? Aqueles que ficavam, que atraíram para si os olhos enérgicos dos Araxás?
Enquanto assim permanecia, não percebeu sublime Entidade postada á seu lado, que lhe observava com profundo amor e carinho.
Uma brisa fresca roçou seu rosto magro e escuro como ébano, e uma voz se fez ouvir, como que vinda da distância que ele mesmo contemplava da sua saudosa estrela...
“...Nalmyskar! o grande Zambi te abençoa através dos sagrados Araxás!
Trago-te a promessa de que, tão logo seu povo sinta o braço pesado e longo do carma, você retornará para cumprir missão junto aos teus mais caros afetos!
Numa terra que ainda está por ser descoberta, muito além mar, tu irás voltar para o seio do povo que tanto amas, e assim auxiliá-lo na difícil missão de retornarem aos braços de Zambi, através da dor e do sofrimento. Os Grande Senhores da Aumbhandhã, os Mestres da Luz Primaz ouviram tuas preces, abençoado sacerdote, pois que tu guardaste a lei de Zambi em seu coração!
Retornarás como Guia de uma futura religião que está para nascer nas terras do Cruzeiro do Sul,e inspirarás com teu exemplo de humildade os teus filhos deserdados...
Serás conhecido como Pai João do Congo por muitas gerações que te sucederão ao longo da jornada que ora se inicia em tua experiência íntima, e terás a alegria de ver voltar ao aprisco do amor de Zambi muitos de teus filhos desgarrados, que com teu amor, com tua dedicação e humildade irás inspirar aos dias melhores no futuro...
Por agora descansa, prepara teu espírito para as horas amargas que se abaterão, logo que a lua mude seu ciclo, para alertar mais uma vez teu povo das severas lições que lhe aguardam! Paz e Luz, Nalmyskar, abençoado dos Araxás!”
Com os olhos marejados, e profundamente emocionado, o velho sacerdote retornou a passos lentos em direção de sua aldeia, enquanto a lua, em seu zênite parecia compartilhar com a tristeza do velho ancião...